quinta-feira, 31 de março de 2011

Entre cabelos (compridos), morcegos, riffs e solos de guitarra. Dia 30 de março em POA.


Poucas vezes senti o que senti ontem. Sensação de absoluto bem-estar. E tinha tudo pra não ser. Explico: eu me encontrava num ambiente abafado, lotado, com frequentes esbarrões e pisões no pé, cabelos dos outros, por vezes, na cara. Eu estava no show do Ozzy. Aí, a coisa muda de conversa. Parecia que estava andando em outra dimensão, licitamente falando. A guitarra, baixo e bateria em sincronia. Das caixas saia um som limpo e translúcido. E na regência, com seu andar inconfundível de vovozona, Ozzy. Lembrei do primeiro CD de rock que comprei. Paguei 13 reais, ou urvs, não me lembro. Black Sabbath Forever. Coletânea de uma escola do bom e velho rock`in roll. Descobri, lendo Kerouac, neste ano, que tive um satori. Aquele momento de entendimento e lucidez da vida. Meus cabelos cresceram junto com as vibrações sonoras de guitarras de Iron, Metallica e Nirvana, claro, além do Sabbath (e Ozzy). Depois veio Led, Pink Floyd, Pearl Jam, Hendrix, Deep Purple, Verve, Doors... E o cabelo, já comprido, um dia encontrou com a tesoura. Mas a trilha sonora continuou. E até diria que foi melhorando. Entraram várias coisas, outras ficaram em suspenso, hibernando. De vez em quando, acordo-as. Famintas elas se apoderam da atmosfera. E aquele cara cresceu, com cabelos agora curtos, e o rock circulando, impulsionado pelas batidas vitais. Satori em POA. Foi ontem. Senti falta dos meus cabelos. Rock tem tudo a ver com melenas ao vento. É a liberdade, o desafio e a diversão. Nostalgia de quem vive entre calças coloridas. Parece que o cara encontrou o pote de ouro. Mas é ilusão. O pote tá lá atrás. No outro extremo. Vi isso ontem. O rock tá firme e forte nos cabelos compridos do Sansão Osbourne. I don't wanna change the world, I don't want the world to change me.
Thank you!

quinta-feira, 17 de março de 2011

Storyteller I

A tela branca insiste em olhar pra ele. Vários assuntos passam pela sua cabeça. Pequenas reflexões que não vão pra lugar algum. Mente inquieta, dedos paralisados. Naquele dia ele tinha acordado diferente. Por um instante, o Sol e o céu azul quase o seduziram por um passeio no parque. Queria ser irresponsável e se deixar ir. Mas não, tinha um prazo a cumprir. Maldito tempo. Prisão sem grades, detento dos ponteiros de um velho relógio. E os pensamentos continuavam como a roleta do cassino, que, desgraçadamente, insistia em parar no número errado. Azar, pensou, e rumou para o parque mais próximo. Banho de Sol para o prisioneiro, devaneou.

Durante sua caminhada despretensiosa, observando o caleidoscópio humano, pressentiu o surgimento de sua grande história. A história de sua vida. No café, defronte ao parque, observando os desenhos formados pela espuma do seu cappuccino, pensava no que havia sonhado naquela noite. Um sorriso tomou conta de seu rosto.

Levantou-se, pagou a conta e foi embora.

Já em casa, ligou o rádio. Tocava o bom e velho rock`in roll do Pink Floyd. Roger Waters dava-lhe as boas vindas e perguntava:

Welcome my son, welcome to the machine.
What did you dream?
It's alright we told you what to dream.
You dreamed of a big star...

Como num transe, sentou e esvaziou o tambor de ideias. Cada palavra, cada vírgula, veio num prolongado espasmo neuronal. A grande estrela não fazia ideia. Talvez, nunca fará. Mas foi a responsável pela guinada na vida daquele homem.

Continua...

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Continuação

Quando a lua apontou no céu daquela noite enebriante, tive a sensação de já ter vivido a minha vida toda. Vi nela o começo, o meio e o fim. Estava tudo lá. Com a clareza mais clara que a própria lua. É incrível saber que a vida valeu a pena. Até meu primeiro aniversário estava lá, na face iluminada daquele bendito satélite. Por um instante tudo parou. O único movimento era dos dias da minha vida. Vi os que ri e que chorei. Até os que rezei. Vi os filhos que ainda não tive. As dívidas que contraí. Consegui pagar todas! Só não apaguei o dia em que me fui. Foi tão rápido que nem consegui me despedir. Melhor assim. Despedidas são tristes... Sempre me perguntava sobre o que eu estava fazendo aqui. Por que agora e não depois? Agora eu sei. Pena que vou esquecer de tudo quando acordar.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Diálogo de Ano Novo




Logo depois de eu acordar, a Aline diz:

- Igor, hoje temos que ir no super comprar carne de porco.
- Por que?, digo eu.
- Porque é Ano Novo!, responde ela como se fosse uma pergunta sem sentido.
- Por que temos que comer porco no Ano Novo?, pergunto eu, provocando um certo olhar de, -Tu não vai parar de fazer perguntas?.
- Porque é tradição!, diz ela querendo colocar um ponto final na conversa.
- Por que?, retruco eu.
- Porque sim! Ah, depois tu olha na internet!, disse ela pensando sobre o assunto.

3 segundos depois, a interpelo novamente:

- E os judeus?

Rapidamente ela responde:

- Comem só lentilha e arroz!

Tive que roubar este diálogo

Estou eu a colher informações sobre Barcelona, já planejando o que fazer na Operação Holanda, quando adentro o blog da Adriana Setti, paulista, residente em Barça, e me deparo com um diálogo que queria ter presenciado. Veja o post que, delicadamente, furtei da Adriana:


"O restaurante Cheriff, uma das sólidas instituições do bairro da Barceloneta, é famoso por servir uma das melhores paella da cidade. Não discordo da reputação. Mas…

O dialogo abaixo é verídico. Aconteceu recentemente quando fomos celebrar a despedida de um amigo – cliente fixo da casa – por lá.

Meu amigo: “Desculpe, garçom, mas as duas meninas que pediram o linguado não conseguiram comer o peixe. Me parece que não está muito bom.”

Emburrado, o garçom retira os pratos e os leva à cozinha. Depois de dois minutos, ele volta.

Garçom: “Olha, provamos o peixe na cozinha e ele está bom.”

Meu amigo: “Desculpa, mas QUATRO pessoas experimentaram o peixe e disseram que não está bom.”

Garçom: “Na cozinha nós somos CINCO!”

Nossa reação? Uma sonora gargalhada. De verdade, esse nível de falta de noção com o cliente aqui em Barcelona já não me tira do sério. É cômico.

De qualquer forma, quer um conselho? Prefira o paella do meu bom e velho Envalira (clique aqui para ler o post)

PS: No final, os caras não cobraram os peixes. Não poderiam ter poupado uma mesa de NOVE clientes (em tempos de crise, num restaurante onde se gasta uma média de 50 euros por cabeça!) de tamanha estupidez?"


NA COZINHA NÓS SOMOS CINCO!!! É MOLE! HEHEHEHE