terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Toca Raul!

"Este caos vigente é sinal que algo está acontecendo."

Raulzito

Por trás desta lente...


Determinados acontecimentos vem mudando a história da humanidade. Foi assim com a escrita, a prensa móvel de Gutenberg, a caixa de imagens que não ia dar certo, o computador pessoal, o celular que, inclusive, serve para falar, e os ÓCULOS. Os óculos possibilitaram ver um MUNDO que antes não existia. Ele mostra uma REALIDADE mais nítida. Cedo ou tarde, precisamos de lentes para ver a VIDA. Pensando nisso, a Ótica Espetacular lançou uma nova linha de óculos que revolucionou o mercado. Eu diria que foi além do mundo dos negócios, e infectou a MENTE e o CORPO das pessoas. Virou febre. Quem coloca os óculos chega a dormir com eles. Aliás, este é um SINTOMA para identificar as lentes espetaculares. As lentes trazem mais que imagens nítidas, elas produzem aquilo que você vê. Não há como saber o que é real. É muito comum pensar que se viu aquilo que não foi visto. A alteração produzida no cérebro leva a uma modificação gradativa no modo de agir. Muitos contratos assinados foram realizados após leitura detalhada sob o OLHAR de tais lentes. As informações dos jornais, revistas e livros ganham novos SENTIDOS quando quando se está por trás delas. A própria escrita do autor que faz uso delas é alterada. Não adianta trocar seu óculos pelas lentes de contato. O EFEITO é pior. Tanto que grande parte das pessoas que aderiram a elas não querem nunca mais ouvir falar nos óculos. Eu não sei mais se aquilo que vejo é ou não produzido pela NOVA realidade. Meus óculos estão ficando cada vez mais embaçados a cada linha escrita...

domingo, 14 de novembro de 2010

Banco de Areia

Entre um buraco e outro a gente sempre encontra um plano. Seja um plano alto ou uma planície. Se no meio do caminho tem uma pedra, pode ter certeza que logo depois tem um buraco. Aí, damos uns passos pro lado e lá está ele, surgido do nada, um banco de areia. No mar é assim. Entramos, ficamos na beirada, as ondas quebrando as minhas pedras... Quando olhamos para a areia: onde estão as nossas coisas? 300 metros pra lá! Coisas do repuxo. Na volta, as vezes, tomamos sustos. Buracos aparecem onde não existiam, e os bancos não estão sob as mesas. Parece a dança das cadeiras. É o mar brincando de esconder. Uma vez escondeu minha lente de contato. Escondeu tão bem que nunca mais fiz contato com ela. Ainda assim estou no lucro. Já ganhei muitas conchas deixadas na areia como um tapete para minhas caminhadas. Quando me canso de caminhar, vou me sentar nos bancos de areia. Quando tenho sorte, assisto a um espetáculo de nado sincronizado, um cardume de peixes. A precisão dos movimentos contrasta com a imprecisão das ondas. Mesmo que o ditado diga que "sentado paga o mesmo", eu gosto também de andar sobre as águas. Sobre os bancos de areia. Aqui pode subir nos bancos. Deve-se. Mas cuidado com os buracos. Quando menos se espera, estamos dentro deles. Cobertos por água. Fazendo companhia para o cardume. Um mergulho depois, estamos novamente andando nos bancos. A noite cai no buraco deixado pelo Sol. O mar é sempre mais quente a noite. O tombo da noite abre a concha do universo e expõe a pérola mais brilhante por algumas horas. Daqui a pouco o Sol brilha e tudo começa novamente.

domingo, 29 de agosto de 2010

Minha última viagem

Vivo dentro do meu pensamento. Lá não tem paredes. Lá não tem cortinas. Lá eu ganho asas. Não é preciso falar. Não é preciso andar. Basta pensar. Dia desses, saí por aí, passageiro de mim mesmo. Rumo a lugar nenhum. Em busca do buscar. Solto como poeira, pouso em qualquer lugar. Quem anda sem destino não se perde, apenas acha. Uma fotografia antiga, um texto amassado, um abraço apertado. Uma conversa fiada, a boca calada, um olhar para o nada. Passeio com o tempo. O mundo é muito grande pra uma vida, ou mesmo duas. Sei que vou pra não voltar. Já comprei até a passagem. Partirei sem dizer adeus, mas não posso dizer que não olharei pra trás. Enquanto a hora não vem, penso em todas as viagens que fiz. Lembro da casa da praia, cheia de gente que nunca vi. Lembro do gosto do peixe do seu Lorival em Maricá. Lembro até daquela informação que pedi e não souberam dar. Cansei de tanto nadar até a ilha. Como eu queria sentir só mais uma vez antes de ir embora a brisa do mar! Mas o tempo está passando, e eu tenho que ir. Parece que a cada segundo que passa, lembro de mais coisas que vivi. As imagens e os sentidos começam a ficar sobrepostos. Mesmo assim, sou capaz de degustar tudo, numa sinergia que nunca antes senti. O médico entrou na sala. Estão todos aqui. Se eu pudesse pedir para que não chorassem... Estou em paz, eu diria, cada vez mais pleno de mim mesmo! Sinto até as minhas pernas! As partidas nunca são em silêncio. A família sai para observar tudo atrás do vidro. Última chamada para o embarque. O maquinista se dirige aos aparelhos. Sinto pela última vez.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Baseado numa história real

Indo para o hospital, segurei a mão esquerda com a direita. Juntas, elas suavam frio. Tudo em volta parece tão longe. As vozes daqueles que falam comigo, a música que toca no rádio, as buzinas... E o hospital. Este sim, o mais longe de todos.
Parece que a qualquer momento a dor vai terminar de me engolir.

-Aguenta firme! Já estamos chegando!

Nunca vi um gerúndio tão bem empregado.
Finalmente, avisto a porta da emergência. Pareço um borracho: trôpego, arqueado, me agarrando em tudo e em todos...
Adentro o recinto, escoro-me no balcão e peço uma dose:
- MMMORFIINA...



"Champ de coquelicots à Argenteuil" - 1873 - Claude Monet

REC

...
Tudo aqui de cima parece tão estranho. O monocromatismo acinzentado das construções tomou conta de todas as porções daquilo que dá nome ao nosso planeta. O som grave dos motores tomou conta dos ouvidos.
...
Aqui, a gravidade não existe.
...
Grave o que vou lhe dizer:
"Grave é a situação da Terra."
...
O mundo está caindo sobre aqueles que se calaram.
.
.
STOP!

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Saturno, o Mr. Cronos

Ele está voltando ao ponto em que partiu.
Filho de Urano e Gaia.
Trouxe Afrodite.
É um Titã.

Decifra-me ou te devoro.

Poesia em transe

Quando as linhas do ambiente
encontram os contornos dos animais...
É como se tudo fosse uma coisa só,
a unificação do(s) corpo(s) e(no)espaço.
É a poesia em movimento.


Fotos de IgöR





Horta Mágica II


Delírios da mente perigosa de Alice no país da corrupção.

Passeava pelo campo quando, subitamente, encontrou uma plantação de pizzas.
Um rodízio. Tinha para todos os gostos. Calabresa, todos os queijos, com e sem borda...
É....
Parece que está faltando algo...
Difícil de lembrar...
Ah!!! Lembrei!
Claro! Falta o vinho!!!
Romanée-Conti.

Qualquer coisa, eu não sei de nada!
Eu e os três macacos.

Viva La (R)Evolucion!

DON´T FORGET:
"Uma revolução não vale a pena quando não há uma dança."
Sr. V

?Vamos a bailaR?

domingo, 25 de julho de 2010

Janela sem cortinas

Sem demora a janela se abriu. Suave. Trouxe pensamentos alados. Ela não tem cortinas. Não as vejo. Fronteira do universo como a alma. Limite da intimidade. Não sei quantas vezes já passei por aqui. Reconheço a estrada. Estou ancorado, olhando o vazio, espreitando o nada. Sempre encontro linhas soltas de redes outrora partidas. Mosaico de infinitas construções. O engraçado é que nunca procurei enxergar. Mas eu vejo. Leve a música passeia com suas notas bailarinas fazendo coreografias audíveis no palco cósmico. Tem alguma coisa ali. Me aproximo devagar. Não quero fazer barulho. Silêncio... Achei um sonho perdido em mim, soterrado pela velocidade. Vejo o mundo com uma nitidez que só os sonhos possuem. Claro e brilhante ele sinaliza a direção que leva ao interior. Rápido ele diz. A janela começou a fechar...

O carteiro que perdeu sua alma

Em algum lugar deixei minha poesia. Acho que foi numa carta que entreguei pra não sei quem, não sei onde, e muito menos quando. Durante muito tempo, gastei a borracha de meu tênis levando declarações de amor, saudades e esperanças. A cada passo dado fui apagando os versos que ganhavam abrigo em corações pulsantes. Hoje, ando pelas ruas de minha cidade descalço. Meus pés, no começo, ainda sensíveis, choraram sangue, prenunciando o fim de uma longa relação. Os dias foram passando, e as feridas deixadas pelos ásperos cimentos, cicatrizando. Viraram cascas que caíram, trazendo uma epiderme grossa e insensível. Hoje, ando pelas ruas de minha cidade, que não sinto e que não sente, levando comigo apenas o amarelo desbotado de meu uniforme acompanhado por pilhas de docs de contas para pagar.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Por um instante

Por um instante, pensei ter pensado.
Por um instante, pensei ter sentido.
Por um instante, não pensei.
Por um instante, ...
Sonhei.