A tela branca insiste em olhar pra ele. Vários assuntos passam pela sua cabeça. Pequenas reflexões que não vão pra lugar algum. Mente inquieta, dedos paralisados. Naquele dia ele tinha acordado diferente. Por um instante, o Sol e o céu azul quase o seduziram por um passeio no parque. Queria ser irresponsável e se deixar ir. Mas não, tinha um prazo a cumprir. Maldito tempo. Prisão sem grades, detento dos ponteiros de um velho relógio. E os pensamentos continuavam como a roleta do cassino, que, desgraçadamente, insistia em parar no número errado. Azar, pensou, e rumou para o parque mais próximo. Banho de Sol para o prisioneiro, devaneou.
Durante sua caminhada despretensiosa, observando o caleidoscópio humano, pressentiu o surgimento de sua grande história. A história de sua vida. No café, defronte ao parque, observando os desenhos formados pela espuma do seu cappuccino, pensava no que havia sonhado naquela noite. Um sorriso tomou conta de seu rosto.
Levantou-se, pagou a conta e foi embora.
Já em casa, ligou o rádio. Tocava o bom e velho rock`in roll do Pink Floyd. Roger Waters dava-lhe as boas vindas e perguntava:
Welcome my son, welcome to the machine.
What did you dream?
It's alright we told you what to dream.
You dreamed of a big star...
Como num transe, sentou e esvaziou o tambor de ideias. Cada palavra, cada vírgula, veio num prolongado espasmo neuronal. A grande estrela não fazia ideia. Talvez, nunca fará. Mas foi a responsável pela guinada na vida daquele homem.
Continua...
o fim da chuva.
ResponderExcluiro retorno do sol.
Vou esperar - aqui na porta do outono - pela continuação.